sexta-feira, 6 de agosto de 2010

E se meu samba atravessar?

Quem não gosta de samba, bom sujeito não é...

Estar na avenida não é tarefa fácil na minha idade.

Ficar exposta à beleza da madrinha de bateria burra é quase um contrassenso; um afronte à minha inteligência e aos anos que me fizeram mais experiente e menos ingênua.

Menos ingênua? Será?

Também sei sambar. Mas acho que o tempo fez com que meu samba ficasse descompassado, descompensado, desiludido...

Nessa, a madrinha mais nova que eu leva vantagem. Será?

O corpo, já tão calejado, não aguenta mais certas variações da partitura e procura logo um banquinho. E como estão variando os compassos. Nem os deuses do samba acreditariam se eu contasse...

Procuro o samba “de raiz”, como os críticos chamam. Contudo, como saber se não é o samba “universitário” o grande filão da felicidade?

Nesse momento de incertezas é bom procurar poucas variações, manter o pé no sapatinho, no miudinho, mas em constante movimento. É pra mexer, é pra rebolar, é pra sambar, mesmo sem sair do lugar.

O desfile ainda não terminou, tem muita escola ainda pra passar. Mas será que vai haver apoteose? Vou tirar 10 dos jurados em todos os quesitos?

A madrinha de bateria está lá, formosa, impondo seu borogodó aos ritmistas. Pagou para estar lá, deu fantasia, nada mais justo. Mas será que uma passista da velha guarda como eu tem chance de ganhar um estandarte? De ser revelação do Carnaval?

O que se espera é que a escola não perca ponto em harmonia e evolução, que a cronometragem seja exata e que o intérprete não atravesse o samba. Será que é possível?

Outros Carnavais virão. Contudo, a passista aqui está pensando em se aposentar... Vai virar foliã de camarote, no mínimo de cadeira numerada. Mas com a certeza de que a madrinha de bateria nem será notada.

PS. Eu Te Amo...: Adoro Carnaval e nada me fará desistir da festa. Mas talvez esteja na hora de procurar uma companhia que não saiba sambar tão bem. Talvez eu me divirta muito mais...

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